quarta-feira, 29 de agosto de 2012

tu gostavas taaaaaaanto que eu te desse atenção.


calçada redonda.

há qualquer coisa nos coretos e nos bancos onde pessoas que esperam deixam o sol desviar-se dos olhos, nos minutos que ganham por ali.

os nós das árvores, a mistura de sons de longe e de perto, conversas cruzadas, calçada escorregadia para cima, rua abaixo. os tremoços. o mazagran.

é a esquina da mercearia ou o bar das horas esquecidas. 
a vossa proximidade. o cheiro a casa. o cheiro a tudo.
ligas-me e ouço crianças a jogar à bola.
pergunto-me se os dias serão preenchidos assim, livros pelos chão, o jornal aberto sobre a mesa.
o coração nas mãos. os olhos na estrada a que te começas a habituar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

praça das flores.

da lei em que tudo volta.

Fosse a tua vida três mil anos e até mesmo dez mil, lembra-te sempre que ninguém perde outra vida que aquela que lhe tocou viver e que só se vive aquela que se perde. Assim a mais longa e a mais curta vida se equivalem. O presente é igual para todos, e o que se perde é, por isso mesmo, igual, e o que se perde surge como a perda de um segundo. Com efeito, não é o passado ou o futuro que perdemos; como poderia alguém arrebatar-nos o que não temos?
Por isso toma sentido, a toda a hora, nestas duas coisas: primeiramente, que tudo, desde toda a eternidade, apresenta aspecto idêntico e passa pelos mesmos ciclos, e pouco importa assistir ao mesmo espectáculo em duzentos anos ou toda a eternidade; depois, que tanto perde o homem que morre carregado de anos como o que conta breves dias, consistindo a perda no momento presente; não se pode perder o que não se tem.  

Marco Aurélio - Pensamentos


sem sono.


I can keep my head inside
When the modern drift is all i have.


You can pull my head aside
But the modern drift is all i have.


efterklang

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

trocarem-nos as voltas.

primeiro que tudo: é bombeiro, não é faroleiro.

* maui










depois, dizem que as mulheres sozinhas são mais produtivas.

*lena

esta gente não sabe nada da vida.

não sabem que desde que te encostaste às fitinhas que dividem a sala do quarto, as noites que passo a escrever sobre as linhas das tuas costas são apenas reservadas a quem sabe estar sozinho, acompanhado.

quando uma mulher se distrai com o que é importante na bida.














e ainda me perguntam porque é que ainda não fiz o mal-fadado post sobre os ornatos em coura.
é que na verdade. é isto amigos. é isto que se passa ultimamente.

(e a lia que me perdoe, mas se vou falar dos violetas, ai os dead combo sim, foram a verdadeira descida ao doce dos infernos de quente e bom****)

olha. e não é que já quase estava a fazer o raio do post?

a minha mãe avisou-me tantas vezes.

não sejas tralheira, filha.
não sejas tralheira.

mas depois vem a maui e traz o bombeiro.
vêm vocês todos e trazem caixas, envelopes, bagagens, paredes e chão e telhados de coisas a levar outra vez. e penso nela.
a toda a hora.

filha, não sejas tralheira.!

tu agencias jogadores de futebol. eu agencio esperas.

Hoje ao almoço falámos da transferência que vais fazer de um jogador alemão, actualmente num clube turco, que quer iniciar a nova época num clube francês. 

Tipo Ronaldo. Todos falam e ele observa. Espera que o deixem marcar.
É assim que nos sentimos ao ver Setembro aproximar-se.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

you are my beat / i miss you

Vou atravessar
O rio
Coberto de holofotes,
Que transformam o verde claro
Numa fosforescência
De água assustada.

Se não me matarem
Nem me apanharem vivo,
Mantém-te alerta
Mantém alerta
O desejo mais antigo
e o mais novo.

Vou passar
Do lado de fora
Da parede
Perfurada
Pelas balas:

Passa-me um lenço
De seda
Com o teu perfume.

Marca-o com o segredo
Dos teus lábios.
                                                                                          in Marthiya de Abdel Hamid Segundo Alberto Pimenta, 2005

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

depois disto, três dias na cama, três.

















e ai de ti que tentes fazê-la quando sair para comprar café!


they shall not pass.














de cada vez que me lembro da nossa identidade, de conseguirmos ser quem somos e dizer o que pensamos sem alguém que se nos atire ao pescoço, lembro-me de que fragilidade ainda rima com liberdade.


não se fez num dia. e mesmo assim, era cedo que no campo o sol vai alto.












do sonho que começa hoje.

hyperballad

We live on a mountain
Right at the top
There's a beautiful view
From the top of the mountain
Every morning I walk towards the edge
And throw little things off
Like:
Car-parts, bottles and cutlery
Or whatever I find lying around

It's become a habit

A way
To start the day
 
I go through all this
Before you wake up
So I can feel happier
To be safe up here with you


Björk



beware. pussy is rioting.


















dear folks

here comes a statement in defense of pussy riot :


as a musician and a mother i would like to express i fiercely dont agree with them being put to jail because of their peaceful protest performance . they are currently standing trial and facing seven years in prison for this .



in my opinion the russian authorities should let them go home to their families and children


i would like to invite pussy riot to join me in a particular song on stage : which was written for all enhancement of justice ( you can guess : once , which one )


warmth , björk
fuck, yeah! \m/

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

parti o japamálá. parti o japamálá. parti o japamálá. parti o japamálá. parti o japamálá.

porra pá
parti o japamálá
ou será que foi ele que se partiu?

coura(aça)


deve ser das botas de combate na lama :)
traz ao de cimo o rambo que há em mim.
ou será a g.i. jane? a noiva, de sabre na mão?
uma dessas, vá.

claro que ontem já era de dia e as vagas não estavam tão altas.
















não era de noite, via onde punha os pés
mas ainda havia poças de água salgada do dia anterior e aposto que o riso se ouvia por entre muros e rochas.

preferi mil vezes a noite.
voltava lá outra vez de olhos fechados. 
subia o muro com as tuas mãos de novo mas agora, já consigo passar atrás do farol a correr.
quero lá saber das ondas sobre o muro e a penumbra por onde andamos.
quero lá saber se o faroleiro nos vai abrir a porta.
as mãos pelo cabelo colam da maresia e até hoje não percebo ainda como me conseguiste levar até ali de mansinho, sem eu dar por nada nem protestar.
contingências da vida. é que aquela luz está habituada à persistência do mar.
é o rasto de quem sabe e quer ficar.

a chéu foi à vila.

por lá toma-se banho quente, diz ela :)
comprou galochas dois números acima porque naquele pezinho, em coura não há quem caiba.
chegou-me de cabelo a escorrer ainda.
brilhos nos olhos, galochas em pontas. nunca visto.
diz que são oito. cinco tendas. à vez, chamam-se para jantar. deixam o palco e rumam ao campismo para a refeição como as famílias ao domingo.
por ali dançámos kitty coiso até não poder mais.
some beautiful shit rises again!!
nós, às 6 e picos já estávamos surdos pela voz soulista do palco secundário, que de pequeno não tem nada. é de gente grande, enorme hoje.
acotovelámos o ruivo dos koc para ver midlake e por ali dançámos mais, até a fome nos levar vale acima.
e de tanto furarmos, lá te consegui mostrar watson. o grande mistério caía diante dos nossos olhos mais uma vez: como conseguir no meio de milhares ouvir apenas uma alminha que canta.
algures à espera de dEUS, um grupo enorme e esganiçado ao nosso lado faz contagem decrescente e berra ao chegar a zero - «feliz ano novo!!»
canta aquela!!!
a lia lá anda, a escrever de um palco para o outro.

irra, que se pudéssemos fazer reset ao ano, aos meses, aos dias, à vida, que fosse por ali entre montes e vales e vacas e rios de águas cheias de gente que ri à gargalhada e toca guitarra para quem passa ouvir.
ouve-se poesia porno e desconexa na relva. há um barbeiro a cortar cabelos e a deixá-los voar até ao tabuão. é o woodstock de muita gente. é o glastonbury dos que trazem o kit impermeável.

amar coura todos os anos é amar o que somos de simples.
somos pele, carne, osso, respiramos e a chuva.... essa sempre passa.
mas regressa. como nós *

despacha-te.


como o deixaste. 
é que nem o pó lhe limpo.


tu nem sequer sabias da existência de dEUS


mas enfim. lá te fizeste um homenzinho.
\o/

dEUS @ paredes de coura

aqui respira-se











































segunda-feira, 13 de agosto de 2012

magnolia.



três vezes. sai-te da boca três vezes seguidas.
à terceira, começo a acreditar.
na magnolia também.
nunca vi uma cidade que as tivesse tantas. estendo a mão e lá estão elas. brancas. enormes*****

sem nada.

há muito tempo já que não nos acontecia um fim-de-semana inteiro a olhar para o mar.
só ali no não fazer nada, rodeados de gente que nos fala e nos olha com o verdadeiro sentido de olhar.
sem computadores, sem folhas excel, sem telefones, sem jornais, sem paredes ou janelas.

e só ontem à noite ao sentar no sofá, deixados os amigos no comboio para lisboa e nós aqui, sentimos verdadeiramente o nosso lugar. 
assim diante do mar. :)) 
hoje, repetimos? ;) amanhã? ficamos lá?

a minha sorte digo-te eu qual foi.
















tínhamos o prato no colo e acredita que se o segundo arrepio vinha com a intensidade do primeiro, era o bom e o bonito para não desatar a chorar ali mesmo à tua frente, comida espalhada, as tuas gargalhadas e o espinafre que te soube tão bem, sem gracinha nenhuma a decorar o tapete da sala!

dasse!!

nos dias em que deixámos o telemóvel em casa



ocorre-nos desatar a ligar às pessoas a avisar disso mesmo.
mas como?

parto rumo à primavera

 foto: genoveva abreu

que em meu fundo se escondeu
esqueço tudo do que eu sou capaz
hoje o mar sou eu.


manel cruz

e quando ulisses por fim chegou

atena adiou o nascer do sol, até penélope deslizar os dedos pelas suas costas, 
prolongando a noite do seu reencontro
até uma qualquer eternidade.